
Saiba mais sobre Francisco Rodrigues Lobo (1574-1621):
Nasceu em Leiria, provavelmente na Rua da Água, hoje Rua Comandante João Belo e em Leiria viveu, com ligeiros intervalos, nomeadamente para fazer a sua formação em Leis, na Universidade de Coimbra, que concluiu em 1602.
Na sua poesia bucólica, o Lis e o Lena, os seus campos e vales, toda a fauna e toda a flora que os povoavam eram o seu retrato e a sua marca, estando a obra que escreveu repleta de descrições etéreas de flores, de plantas, de arbustos, de árvores e de todo um verde florido que crescia junto aos dois rios.
A sua vida por Leiria não foi fácil e está envolta em algum mistério.
Era Cristão Novo, o que atraía a desconfiança dos inquisidores. Seu irmão, já depois da morte dele, foi objeto de um processo na Inquisição.
Cresceu protegido pela família dos Marqueses de Vila Real, que tinham paço em Leiria. Mas caiu de repente em desgraça junto do herdeiro da casa, D. Miguel de Meneses. Não se sabe se terá sido por ser cristão novo, se devido a uma “estranha” relação de amizade com D. Juliana de Lara, irmã de D. Miguel. Relação que se manteve enquanto o poeta estudou em Coimbra, pois que a visitou mais de uma vez no palácio de Penacova, do Conde de Odemira, com quem entretanto ela tinha casado. E dedicou-lhe uma das suas obras. Uma estranha relação que pode ter-lhe custado caro.
Era o tempo do domínio filipino e não se sabe o que da situação do país pensava Rodrigues Lobo. Além do mais, esse é um traço característico da sua obra: é uma obra onde se esconde por detrás dos pastores que são os seus protagonistas, nas suas três obras principais: A Primavera; O pastor peregrino; e O desenganado. Tudo aí é utópico, como é próprio da literatura bucólica.
Como se esconde também de alguma forma, no livro A corte na aldeia, um diálogo onde quatro participantes falam das virtudes e qualidades recomendáveis a cortesãos e cidadãos que busquem ser respeitados. Mas pode perguntar-se: corte na aldeia porque não a havia na cidade? Porque Portugal não tinha corte, visto ser dirigido de longe, por reis espanhóis? Na aldeia, onde? Quando olhamos o título da obra, não podemos deixar de pensar em Cortes, ainda que sem razão nem fundamento.
Em Leiria viveu, mas morreu mais perto de Santarém, num naufrágio no Tejo, quando regressava de uma viagem a Lisboa; tais viagens faziam-se por terra até ao Tejo e de barco daí até Lisboa. Corria o ano de 1621.
Rodrigues Lobo amava Leiria. Amava o Lis e o Lena, os seus campos e vales, toda a fauna e toda a flora que os povoavam e que eram o seu retrato e a sua marca. A obra que escreveu está repleta de descrições encantadoras de flores, de plantas, de arbustos, de árvores. Do verde florido que crescia junto aos dois rios.